top of page

O edifício projetado situa-se numa zona de transição entre a malha urbana dos anos sessenta que deu origem à Universidade Autónoma de Madrid - UAM, de traçado denso e regular, e o conjunto mais disperso de unidades que desde os anos oitenta a foram complementando na atual configuração do Campus. Está também localizado no final de uma extensa parcela ajardinada (onde se implanta o edifício da Reitoria), que se prevê prolongar-se para nordeste consolidando os espaços livres intercalares de nova malha em crescimento.

 

Estrategicamente implantado na confluência de caminhos pedonais que delimitam a longa faixa ajardinada, o edifício proposto introduz uma nova racionalidade, inerente ao projeto, na leitura da urbanidade em que está inserido, todavia dissociada da mesma, pela sua condição de espaço público e pelo programa que o consubstancia.

 

Baseia-se em duas ideias aparentemente contraditórias. Por um lado, contrapõe uma forte presença no ordenamento do conjunto, assumindo-se como uma única peça; por outro, desenha-se permeável no propósito de dar continuidade ao jardim, articulando espaços de lazer. Assim, incorpora um grande pátio no interior do volume, que precede a praça coberta (para quem acede ao jardim), exatamente com as mesmas dimensões desta, criando uma deliberada gradação entre exterior e interior.

 

À primeira vista, a sua leitura exterior revela um objeto estranho, crispado, neutro e uniforme nas suas superfícies contínuas de betão branco, aparentemente indiferente à sua envolvente. No entanto, um segundo olhar irá descobrir algo diferente: o suposto monólito está suspenso no ar, levitando no jardim. Por detrás da membrana de betão que o limita, a luz natural desce, refletida, até ao solo, revelando a fina espessura da fachada. E sob esta, sustendo os balanços, os apoios diluem-se na construção de dois corpos de embasamento coesos e regulares, mas integralmente revestidos por uma superfície de vidro que deliberadamente mascara a sua solidez.

Os segmentos modulares do programa e os núcleos de acesso vertical são condensados nestes dois volumes, estratificados em três pisos. Os seus espaços envidraçados são voltados para o interior nos dois primeiros pisos, servidos pela praça coberta e por um sistema de galerias no primeiro piso. Neste nível, o envidraçado voltado para o exterior serve de proteção ao grande plano expositor mutante disposto na extensão de toda a fachada, com iluminação própria, sugerindo uma aparente imaterialidade que faz levitar o amplo e cintado corpo de betão armado. No piso superior os espaços são abertos para o exterior, sombreados por um plano vertical de betão que assegura a proteção solar dos envidraçados nas fachadas orientadas a Este, Poente, Norte. Um sistema de toldos horizontais em movimento completaria o sistema, fundamentalmente no que diz respeito à fachada Sul. Levitando sobre o espaço central, de transição entre o pátio descoberto e a "praça", dispõe-se transversalmente o volume do auditório.

 

Designação. Concurso de Projetos de Arquitetura de um edifício de Serviços para o Campus de Cantoblanco da UAM - 2º Prémio

Localização. Madrid, Espanha

Data. 2007

Arquitetura. Ana Pedrosa, Ângelo Lopes, João Gomes, José Almeida, José Gigante

Fotografias. Arménio Teixeira

bottom of page