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A reabilitação de um edifício com a importância da antiga Casa do Telégrafo, atual Fundação Baltasar Lopes, suscitou um estudo profícuo de toda a sua história, tal como uma análise cuidada de todos os seus espaços para melhor atingir a funcionalidade e adaptabilidade necessária à instalação do projeto da Fundação. Assim, a abertura de um grande vão entre as duas salas maiores, tanto no piso térreo como no primeiro piso, permitiu encaixar o programa e repensar as dinâmicas de uso dos espaços.

O estado de conservação do edifício permitiu adotar uma estratégia de reabilitação que se baseou na recuperação de todos os elementos de madeira, na requalificação do espaço exterior, aproveitando-o para espaços de estar ou multifuncionais e na conservação de caixilharias e todos os elementos que deixaram visíveis as características arquitetónicas de um edifício do princípio do séc. XX. A introdução de tudo aquilo que são elementos novos, exigidos pelo programa, foi pensado de forma mais neutra possível, de modo a não interferir na própria linguagem do edifício.

 

A Fundação Baltasar Lopes constitui um inovador centro de conhecimento não só da obra desta importante figura da cultura cabo-verdiana, mas também de cultura contemporânea. Este projeto, além do seu desenho enquanto centro cultural, objetivou também constituir um exemplar de reabilitação arquitetónica de um edifício marcante da época de influência inglesa na cidade. Respeitando o pensamento critico e atual que marcou o percurso do autor Baltasar Lopes, a Fundação poderá contribuir, juntamente com diferentes agentes da sociedade civil, para conceber a cultura como uma oportunidade na construção de futuro.

 

O ISCEE, Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais, atento à urgência de reabilitação de tal edifício, investiu neste processo, ficando o piso térreo com programa ligado a esta instituição por um período tempo determinado. Nesse período, a coexistência do projeto da Fundação Baltasar Lopes e do ISCEE determinou o programa da seguinte forma. O piso térreo com uma biblioteca, um centro de informática, casas de banho e alguns espaços de apoio às atividades ligadas a esta última instituição. Nas salas do primeiro piso, com o fim de evidenciar a obra de Baltasar Lopes ao visitante, consta a exposição referente ao seu percurso biográfico e literário, bem como a Biblioteca Jean Michel Massa, espaço que integrará um espólio de três mil livros doados pelo referido intelectual francês, professor emérito especialista na cultura cabo-verdiana.

 

Localização. Alto Mira Mar, São Vicente, Cabo Verde

Data. 2013

Arquitetura. Ângelo Lopes

Colaboração. Leão Lopes, Nuno Flores, David Monteiro, Ernestina Cândido

Fotografia. Ângelo Lopes e Hugo Lopes

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